Às vezes, era temperamental, imprevisível, capaz de sumir, na presença de quem quer que fosse, a cavalo de uma espiral de seu inapagável cigarro. Paciência! Mesmo assim, lembro inúmeros encontros, sobretudo os dos últimos dez anos de vida, quando descobri que havia dentro de Quintana um poço de ternura, também para os amigos.
Sua personalidade magnética produzia, de modo perdulário, poesia falada. Em qualquer encontro com amigos, surgiam anedotas e provérbios exemplares. Era frasista inveterado, da linhagem de Otto Lara Resende, alguém precisava sair atrás dele anotando. Desconcertava com o raciocínio analógico, virando o senso comum de ponta-cabeça.
Em seu espelho mágico, os leitores saíam transfigurados: "Sorri com tranqüilidade/ Quando alguém te calunia./ Quem sabe o que não seria/ Se ele dissesse a verdade...".
Divertia-se inventando histórias e assustava os interlocutores ao demorar a esclarecer que eram mentiras.
Apresentava um afiado radar da aproximação dos chatos. "Identificava um chato a distância, especialmente os aduladores sem conhecimento de causa. Trocava de calçada se preciso", recorda Elena.
Armindo Trevisan, poeta gaúcho, fala sobre o amigo Mario Quintana
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