
A gente começa o ano como quem começa a ler um romance cujo enredo nos interessa muito por ser a história da nossa própria vida.
Conheço uma cidade azul.
Conheço uma cidade cor de ferrugem.
Na primeira, há helicópteros pairando...
Na segunda, espiam de seus esconderijos os olhos das ratazanas.
No entanto
é a mesma cidade
e,
onde a gente estiver,
será sempre uma alma extraviada em labirintos escusos
ou, então,
uma alma perdida de amor...
Sim! Por ser habitado por almas
é que esse nosso mundo é um mundo mágico...
onde cada coisa – a cada passo que se der
vai mudando de aspecto...
de forma
de cor...
Vai mudando de alma!
Mario Quintana
Certa vez abalancei-me a um trabalho intitulado “Preguiça”. Constava do título e duas belas colunas em branco, com a minha assinatura no fim. Infelizmente não foi aceito pelo supercilioso coordenador da página literária.
Já viram desconfiança igual?
Censurar uma página em branco é o cúmulo da censura.
(Caderno H)